16 fevereiro 2011

Insônia, estatística, vícios e ansiedade

O que fazer para conseguir dormir? Já são 1 da manhã e não durmo. Ontem durmi às 3 horas, ante-ontem às 4. Queria me organizar, acordar cedo para aproveitar melhor o dia que está por vir, o amanhã...

Para dormir, tento malabarismos de distração: ver um episódio de uma série americana, talvez estudar algo chato, quem sabe avançar um pouco na leitura do livro da vez, entre outras coisitas mais... O problema é que o pensamento voa como se atraído a certos pontos delicados do meu pensar, aqueles pontos onde residem meus medos e onde minha imaginação aflora sempre para pior, excepcionalmente quando algo escapa ao controle; me sinto fraco.

Estatísticos tiram médias e discutem o resultado. Seguindo esta premissa eu mentalizo o conjunto de noites que venho tendo e me questiono por que a média é assim tão fora da média? Em geral as outras pessoas conseguem acordar cedo e ir ao trabalho em horários que eu acordaria com baixíssima disposição. Naturalmente, é questão de costume (interpretação da média) e isto só se pode mudar querendo. A conclusão é que eu não quero...

Eu tenho medo de vícios. Como posso distinguir que não se trata de um vício que adquiri e não é de fato apenas um fruto de minha vontade? Aliás, conforme conversei com uma das meninas que moram comigo aqui, "você não se vicia em algo que não goste, em geral você só alimenta algo que sente prazer". Daí interpretar a preguiça em não acordar cedo como vontade própria ou vício parece um tanto complicado. Apelarei, novamente aqui, para a estatística.

Visitando blogs e pesquisando pela internet, lembro de ter achado um cara falando que se você não consegue ficar sem fazer algo (era algo específico) por 30 dias, então você não é viciado naquilo. Concluo disto que, se você falhar, você é um viciado. A princípio achei o número alto, mas acho agora compatível com o argumento matemático: quanto maior o conjunto de dados melhor a sua estatística. Eu incluiria que se você consegue se abster por duas semanas sem sentir falta alguma (só que aqui você poderia enganar a si mesmo), você já poderia se sentir livre.

Uau! Me senti fazendo uma tempestade em copo d'água agora: toda esta conversa de vícios apenas por acordar tarde todos os dias? Claro que não. É sempre mais fácil escrever com analogias, não é mesmo? Diversos vícios, grandes e pequenos, ocupam minha cabeça estes dias, principalmente à noite, antes de dormir. Note que a grandeza ou não deles é algo completamente pessoal. Em particular, me pego pensando em quantos pequenos vícios não temos e que nem nos importamos (motivo para explorar o sono tardio).

Me pego pensando que o problema essencial seja da ansiedade. Quando você está com a cabeça no travesseiro pensa na namorada distante, no primo em apuros, na mãe preocupada, no futuro incerto e na besteira que pode ou não ter feito quando fez ou não alguma coisa... A solução parece ser colocar um vídeo pra distrair e esquecer. Tudo bem, isto resolve, mas não pra sempre: daqui a algum tempo você está ali com o pensamento fixo no mesmo problema e nada melhorou, recorre novamente à alguma distração, mas depois o problema teima em se fazer presente; só que o tempo, às vezes, dá aquela impressão de que tudo piorou. Se você se sente um merda, o que poderia fazer para se sentir melhor: se distrair? Lá vai você alimentar algo que, na verdade, não resolve nada e ainda adia a questão para que algum dia possa ficar ainda pior... Bem, é meio assim que me sinto hoje, caso não resolver os meus vícios; como estou longe de resolvê-los, a ansiedade me pega desprevenido e me deixa pra baixo.

O problema da ansiedade é que parece não haver meios de se desvencilhar dela. O que me foi sugerido foi que eu deveria, imagina só, me distrair! Se não der ouvidos para os pensamentos ruins que teimam em me colocar para baixo, as coisas vão melhorando e eles vão sumindo (neste ponto devo confessar que já obtive resultados positivos), mas e a questão de distinguir o vício? De ficar se enganando com uma ilusão? Bem, acho que a diferença esteja na frequência (por causa da tal estatística) e no quanto você se apega à distração. Existem pensamentos que aparecem e que uma leve distração os leva embora; estes não são problemas: se são ruins são fruto da cabeça, que deve estar sensivel à negatividade. Se mesmo depois de algumas distrações o pensamento negativo ficar, acho que ele deve ser trabalhado de algum jeito: é algum tabu ou alguma história que pede para ser resolvida; neste caso, eu penso que escapar não seja a solução saudável.

Acho que este texto ficou bem "auto-ajuda", mas senti que seria interessante registrar o conjunto mais coeso de idéias que tenho atualmente a respeito, além do próprio momento. Eu não acho que seja fácil falar sobre estes temas quando lhe são atuais, mas mais difícil ainda é colocar as (supostas) soluções em prática. No entanto, eu acredito que isto nos retorna à questão do querer.

3 comentários:

Anônimo disse...

Problema é teu.

Silvia disse...

Sim.Querer é poder!

uivomania disse...

A luz da escuridão

Justamente na noite mais escura, quando o Sol e até a Lua se ausentam e nos deixam - ainda cegos da luz - a tactear na escuridão... eis que o Universo se revela mais profundo!... Cheio de pulsares e cintilares e brilhos e rastos e cores... e buracos negros cheios de segredos que o ouvir e o olhar não conseguem vislumbrar!...
É no escuro... contemplando a vastidão, que podemos sentir o murmúrio das profundezas, o silêncio mais puro vindo de todos os lugares e tempos. ...Damos por nós resgatados, rendidos. Sentimos, pertencer!