15 janeiro 2010

Vamos à farmácia?

Ele chegou em casa com uma tremenda dor de cabeça. Tomou um dorflex, ou algo parecido. Sentou-se no sofá e folheou a revista procurando notícias do Haiti, tremendo terremoto aquele.

A esposa estava na cozinha o tempo todo. Chorava baixinho, a filha estava doente. Fumava um Hollywood enquanto relaxa e pensa na sua vida rotineira e triste.

A filha estava doente, sim. O médico receitou várias pílulas, duas vezes ao dia; três vezes ao dia. Sete semanas ou três meses. Era tudo remédio. Um monte de datas e monte de exames.

O filho saiu do quarto. A mãe grita, o pai concorda. A irmã está doente, oras. Ele volta ao quarto sem saber que está irritadíssimo porque tem que fazer algumas das tarefas da irmã. Liga a televisão pra distrair, pra acalmar.

A mãe lembra que a casa não pode se cuidar sozinha. Levanta e vai fazer a comida. Abre uma nova garrafa de cerveja e enquanto bebe lembra de quando seus filhos eram pequenos.

A filha acordou. O quarto vazio e silencioso deixou ela nervosa. Não queria ficar parada. Tinha que voltar a trabalhar, nunca seria promovida enquanto estivesse na cama.

O irmão foi falar com a filha mas é um vagabundo. Depois de se sentir humilhado corre pra conversar com os amigos. Talvez algum deles saiba como fazê-lo relaxar...

O pai vê e concorda. Filho rebelde. Filha doente. Mulher infeliz. "Esqueça, é assim mesmo". Amanhã tem que trabalhar pra sustentar a casa. Vai dormir pensando em sexo fora de casa.

A mãe liga, o filho está na casa do amigo. Tudo bem. Se despede da filha, o marido já dorme. A esposa nunca consegue dormir tão fácil. Pra não perder a manhã, toma o remédio. Não dorme mais sem ele.

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